Yomitai – Estação Multimídia

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20.01.20

Rappers revelam forte identificação com animes japoneses. Entenda!

O Centro Cultural São Paulo promove, em parceria com a Fundação Japão e a Black Pipe Entretenimento, o Verão Otaku, com a exibição dos melhores animes da atualidade, como My Hero Academia – Dois Heróis, entre muitos outros, até 2 de fevereiro.

Além dos filmes, séries e curtas-metragens, o evento conta com debates, aos domingos, que envolvem as animações como uma grande influência em diversas áreas, como a sua influência no rap, sua importância como forma de arte e o boom dos animes na TV brasileira.

Neste domingo, 19, os rappers Chinv e niLL debateram sobre a influência do hip hop e o intercâmbio cultural entre os animes e a música, com mediação de Carlos Pires e Vitor Gabriel, ambos da Black Pipe. O papo foi baseado nas animações Afro Samurai e Samurai Champloo, que estão em cartaz no evento do CCSP.

niLL e Chinv, que fazem parte do selo musical Sound Food Gang, falaram sobre a relação de suas artes na música com o anime, que, para ambos, surgiu naturalmente, pelo gosto de assistir aos desenhos animados japoneses desde a infância.

– A junção surgiu a partir do momento que a gente percebeu que isso fazia parte do nosso estilo de vida. A gente trocava ideia na rua e usava metáforas dos animes e isso acabou lincando com o nosso som – revelou niLL.

Para Chinv, os animes sempre carregavam em suas histórias algo que contribuía para a sua vida real, o que gerava certa identificação com a arte japonesa.

– A gente sempre consumiu anime e também porque costumamos comparar muito com a vida real ou tirar muitas lições dos animes. Às vezes do momento que você está passando na sua vida e você assiste um anime e vê algo parecido – contou o rapper.

Amante da cultura pop e das animações japonesas, Chinv conta que, apesar de Samurai Champloo ter personagens com características comuns, o que chamou sua atenção foi o fato do desenho tratar da história da ilha de Okinawa, algo que considera pouco difundido, além da trilha sonora e a demonstração da influência do hip hop presente no anime.

Mas, ao comparar com Afro Samurai, o rapper não hesitou em descrever os principais pontos que o desenho animado carrega sob influência do rap e hip hop, e que geraram admiração e identificação com sua personalidade e estilo de vida.

– Afro Samurai foi o primeiro anime que eu vi que o personagem era totalmente diferente, ou seja, é negro, tem cabelo afro, usa roupa rasgada, fuma, então acaba sendo, para nós do rap, uma identificação de imagem, além de outros detalhes como a disciplina – explicou.

Em Samurai Champloo, niLL enxergou pontos específicos no anime, que remetem diretamente ao seu estilo musical como, por exemplo, a forma com que foram inseridos elementos do rap e do hip hop na animação.

– Vi que o Samurai Champloo foi feito dentro do rap, alguém que é do rap, que é amante da cultura do hip hop fez esse anime porque o personagem principal tem a característica diferente, os samurais da época usavam kimono, tinham cabelo preso, mas o Mugen tem cabelo solto, bagunçado, camisetinha, bermuda, chinelo e os movimentos dele são de break dance. Isso é incrível – exaltou o músico.

As animações japonesas passaram a fazer parte do trabalho musical de niLL a partir dos samples e timbres das trilhas sonoras, que se tornaram referência nas criações do artista. Além disso, o anime trouxe um ensinamento para sua carreira, que serviu de legado para o rapper.

– Quando entendi que as grandes obras dos animes só eram eternizadas quando cresciam junto com os fãs e os telespectadores, eu passei a trazer isso para a minha música. Então automaticamente eu vou crescendo junto com as pessoas que me escutam e isso foi algo que aprendi com o anime – disse niLL

As filosofias japonesas e de outros países asiáticos fazem parte da vida de Chinv, que acompanha tudo através da leitura de livros, além de assistir aos animes que, na sua opinião, também trazem muitos ensinamentos da filosofia oriental. Apesar de parecerem dois mundos diferentes, o músico revela que o rap e as animações japonesas têm muito em comum.

– Ser rapper é igual ser ninja, pois têm muita coisa em comum. São dois povos diferentes e, apesar de parecer muito distantes, são muito parecidos, tem muita coisa a ver porque foram povos que passaram por muitas coisas parecidas. Quero reforçar para que todos abram os olhos para essa visão, pois é algo que tende a crescer daqui para frente – alertou Chinv.

Vitor Gabriel, da Black Pipe, finalizou o encontro com um incentivo àqueles que têm um sonho de mostrar sua arte, mas que, por algum motivo, são desencorajados pelas opiniões alheias.

– Você tem que fazer aquilo que gosta, independentemente do que as outras pessoas vão pensar de você. Não precisa se sentir um estranho dentro de qualquer outra “tribo”, você tem que fazer aquilo que acha bom para si, sem depender da ideia de ninguém para fazer o que gosta – aconselhou.

Os painéis sobre as animações japonesas acontecem nos próximos domingos e a programação completa, com as datas e horários de exibição dos animes, podem ser vistos aqui.

  • Verão Otaku está em cartaz no Centro Cultural São Paulo (Foto: Yomitai | Estação Multimídia)
  • Debate: influência do hip hop e o intercâmbio cultural entre os animes e a música (Foto: Yomitai | Estação Multimídia)

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