Yomitai – Estação Multimídia

Entrevistas

28.02.16

Ping-Pong: Confira o bate-papo com o radialista Ricardo Sam, da Transamérica FM

O Yomitai estreia a editoria ENTREVISTAS com a participação do radialista Ricardo Sam, que possui uma história de quase 30 anos no rádio. Conheça a trajetória deste admirado profissional, que inspira profissionais da área e jovens comunicadores. Atualmente, Ricardo Sam está no ar de segunda a sexta-feira, a partir das 8 da manhã, no programa 2 em 1, ao lado de Gislaine Martins, na Transamérica FM. Confira o papo!

YOMITAI: Como o rádio surgiu na sua vida?

RICARDO SAM: Meu interesse em rádio começou quando eu tinha 8 para 9 anos. Eu gostava de futebol, então eu ouvia a rádio Globo AM, com a equipe do Osmar Santos, e era aquela coisa de menino, o que importava para mim era o conteúdo futebolístico. Quando eu descobri o FM foi no ano de 81 para 82. Aí eu comecei a gostar de rádio, prestar atenção na forma como os locutores falavam e isso começou a me chamar a atenção. Eu tinha 12 anos. Comecei a perceber a diferença de vozes, ganhava prêmios da rádio Cidade e, quando ia buscar o prêmio, queria descobrir de quem eram aquelas vozes. E depois fui descobrindo outras rádios, como a Jovem Pan, Pool FM, e nesse tempo todo eu sempre vivia ligando para as rádios para ganhar prêmios, mas mais do que ganhar o prêmio, o lance legal era buscar porque eu entrava na rádio.

YMT: Qual foi a primeira rádio em que você trabalhou?

RSAM: Todo mundo falava que rádio de interior era mais fácil entrar. Imagine! Fiz teste em Ribeirão Preto, Sorocaba, Atibaia, Bragança Paulista, Campinas, Valinhos, Vinhedo, Tupã, Americana, Limeira, São José dos Campos, Taubaté, Pindamonhangaba, São Sebastião, Santos, São Vicente. Ou eu era reprovado ou tinha o famoso “não estamos contratando”, mas a primeira rádio que tinha uma vaga e eu consegui passar no teste foi em Araraquara, na rádio Morada do Sol, em 1989, e eu já estava com 18 para 19 anos.

YMT: Como funcionavam os testes de rádio daquela época?

RSAM: Naquela época, a informática estava em explosão e quando eu chegava para pedir emprego na rádio, todo mundo achava que era no ramo da informática, quando viam a minha cara oriental. E quando eu falava que era para locução, as pessoas se surpreendiam. Então era muito difícil conseguir agendar um teste e, quando conseguia, era uma coisa básica. Os testes continuam sendo iguais até hoje, ou seja, uma notícia para ler, um comercial para interpretar, mas o meu teste da Morada FM, ao qual eu fui aprovado, fui muito mal. Eu errei muito nome de música, estava muito nervoso, mas não sei por que me aprovaram, eu passei.

Clique aqui e ouça o podcast com Ricardo Sam, em um bate-papo divertido e cheio de curiosidades sobre sua carreira e o contato com a cultura japonesa.

YMT: Por quais rádios passou até chegar à Transamérica?

RSAM: Depois de Araraquara eu fui para Santos, na Tribuna FM. Fiquei um tempinho fazendo de segunda à sexta, em Araraquara, sábado e domingo em Santos, passava mais tempo nos ônibus do que nos estúdios. Depois resolvi ficar só em Santos, na Tribuna, só fazendo final de semana. Depois pintou para fazer Metropolitana. Acabei virando titular na Tribuna e fui fazer final de semana na Metropolitana, em São Paulo, mas fiz isso por duas semanas e acabei ficando só na Metropolitana. Em janeiro de 1992 fui para a Jovem Pan e fiquei por lá até janeiro de 1997 e, depois, fui para a Transamérica, onde estou até hoje.

YMT: Existe algo que ainda almeja em sua carreira?

RSAM: Sempre tem. Aumento de salário! (muitos risos) É engraçado porque em rádio a gente nunca está estável. Então não tem essa de carreira cheia de conquistas, não existe isso em rádio. O grande objetivo em rádio é você se manter e isso você nunca conquista, porque você está sempre correndo atrás da manutenção, então você nunca chegou lá. É um grande desafio porque, conforme vamos amadurecendo, e o rádio é um veículo que nunca para, está sempre em transformação, você tem que acompanhar essa transformação. Se você amadurecer e parar no tempo e querer ser um “madurão”, não vai acompanhar a evolução. Tem muitos profissionais que acabam ficando estagnados ou perdem espaço porque não acompanharam essa evolução que o rádio exige. No rádio a gente luta para sobreviver, não conquista nada. Então eu estou na luta! (risos)

YMT: Deixe um recado aos que sonham seguir carreira de radialista.

RSAM: Procurar estudar o rádio ouvindo quem está no ar. Eu sempre falo para os aspirantes da profissão, que para trabalhar em rádio é preciso saber escrever bem, porque sabendo escrever bem, você consegue se comunicar verbalmente de maneira adequada e quem dá elementos para escrever bem é a leitura, então você precisa ler muito para poder aprender a escrever e conseguir falar. E o raciocínio rápido que o rádio exige, principalmente nesses programas de talk-show, quem dá isso é a leitura, porque você se abastecendo de conteúdo que a leitura oferece, você encontra uma série de caminhos a seguir diante de uma situação. Então é muito importante para quem almeja uma carreira em rádio, ler muito. Se for para ouvir rádio musical, tem que ouvir breaks comerciais e locutor falando e reservar uma hora por dia para ouvir uma rádio de notícia.

(Foto: Tim Gaspar)

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