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25.11.18

Com nova lei antitabaco, Japão se prepara para receber turistas em 2020

Prestes a sediar os Jogos Olímpicos, em 2020, o Japão se prepara para receber um grande número de turistas e, para isso, algumas providências estão em execução, em função de oferecer a melhor experiência aos estrangeiros no país.

Uma das preocupações dos japoneses está relacionada ao fumo pois, no país, muitos estabelecimentos comerciais permitem o consumo de cigarro em alas reservadas para fumantes e isso pode incomodar, e muito, os estrangeiros não acostumados com este tipo de convívio.

– Atualmente todos os restaurantes têm espaço para fumantes e eu que fiquei 4 anos sem fumar, sei quando a pessoa fuma, sinto o cheiro e é desagradável entrar em um ambiente de comida com a família e sentir aquele cheiro de cigarro – comenta tradutora intérprete Ana Cristina Aiko Yamai.

Mesmo assim, o consumo de cigarros convencionais está diminuindo gradativamente no Japão. Hoje, menos de 20% da população total é fumante. Além desse decrescimento, o país tem grande número de adeptos ao consumo de cigarros que oferecem menor risco à saúde.

Por lá, a comercialização de cigarros eletrônicos é liberada, diferentemente do Brasil, que possui uma população de fumantes, inclusive passivos, necessitada de opções de risco reduzido e que sequer sabem quais seriam estes produtos.

Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha, no início deste mês, mostrou que 82% dos atuais fumantes optariam por uma solução menos danosa do que o cigarro convencional, enquanto que 78% dos não fumantes recomendariam tais alternativas a terceiros.

– Quando eu parei de fumar, eu sentia a necessidade de tragar e comprei um cigarro eletrônico, mas que não tinha nicotina, somente vapor. Quando encontrava com amigos, me perguntavam se eu tinha voltado a fumar – conta Ana Cristina, que comprova o desconhecimento dos brasileiros sobre produtos de risco reduzido.

Residente no Japão entre 1993 e 2013, Ana Cristina disse que em seu último ano no país, soube que, em 2014, haveria o lançamento do IQOS, dispositivo eletrônico de risco reduzido para fumantes, da fabricante Philip Morris International. Porém, como não estaria mais na terra de seus ancestrais, não comprou o produto, por saber que não teria acesso aos cigarros no Brasil.

O diretor de Assuntos Corporativos da Philip Morris Brasil, Fernando Vieira, argumenta sobre a proibição do comércio de produtos que reduzem os dados à saúde dos fumantes no Brasil:

– É indiscutível que a maioria dos fumantes tem plena consciência dos danos causados pelo hábito de fumar cigarros. Contudo, muitos ainda continuarão fumando e sabem que sofrerão sérias consequências à saúde. A pergunta que se faz é, existindo soluções que tem o potencial de reduzir os danos à saúde, por que elas não estão hoje disponíveis aos adultos fumantes brasileiros?

Na opinião da tradutora intérprete, o ato de tragar e de fazer uma pausa para fumar é um hábito, independentemente de tragar algo com ou sem nicotina. Portanto, defende tal tecnologia para suprir a necessidade daqueles que querem manter o costume.

– Quem já fumou sabe o quão difícil é parar de fumar e não ter um substituto é difícil. No meu caso, fui internada e desintoxicada. Como o meu problema era no fígado, o último cigarro que fumei estava muito ruim, intragável. Quando saí do hospital, no primeiro trago que dei, pensei em nem começar porque sabia que eu voltaria a fumar – relata.

Além de pensar na saúde da população, Ana Cristina também se preocupa com o meio ambiente. Para ela, o lixo gerado por bitucas de cigarro são fatores que devem ser levados em consideração, quando pensamos em seu descarte.

– Eu deposito no lixo, não jogo nenhuma bituca minha no chão e mesmo assim me sinto culpada, porque sei que aquele restante de nicotina é poluente e não sei para onde vai. Se os dispositivos eletrônicos não tivessem bituca seria melhor ainda – recomenda a tradutora.

Ana Cristina relata que no aeroporto de Hokkaido, por exemplo, existe uma área para fumantes de todos os tipos de cigarros, em que não possui porta, mas uma cortina de ar, que impede que a fumaça e o cheiro vão para fora do local.

– Aqui no Brasil e no exterior, nós não temos mais o hábito de fumar dentro de estabelecimentos, somente do lado de fora e quem não fuma, sente. Então os japoneses chegaram a conclusão de que isso prejudicaria o turismo – pensa.

A partir de abril de 2020, uma nova lei antitabaco, aprovada em 27 de junho deste ano, entrará em vigor para a proibição de fumo na maior parte dos bares e restaurantes de Tóquio, além de escolas, hospitais e repartições públicas, por conta dos Jogos Olímpicos. A proibição também valerá para os cigarros eletrônicos, que serão permitidos apenas em salas especiais.

– Eu acho que é uma tendência mundial tirar esses produtos que ferem a saúde, mas de uma maneira “eco”. Acho que, futuramente, os cigarros comuns vão perder seu lugar – conclui Ana Cristina.

Foto: Piti Koshimura | Peach no Japão

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